Vídeo OTT ainda é visto como complementar no Brasil

As empresas do setor de vídeo, como programadoras e operadoras de TV por assinatura, reiteraram nesta quarta, 19, o caráter complementar que os serviços OTT apresentam em relação aos tradicionais, e que chegam a ajudar com o ganho de popularidade de conteúdos.

Nem mesmo a operadora Oi, que tem o serviço de vídeo apenas em DTH, avalia as over-the-top como uma ameaça ao negócio no momento. "Nunca enxergamos OTTs como concorrentes, sempre como parceiros de negócio não só no empacotamento da TV por assinatura broadcast", declara o gerente de produto de TV da tele, Renato Elias. A empresa oferece um serviço próprio chamado Oi Play, que aproveita metadados para mapear e oferecer recomendações junto com curadoria.

"Também acreditamos que Netflix é complementar", destaca a diretora de afiliadas da Fox Networks, Adriana Naves. Ela explica que a plataforma conta com temporadas de séries que ainda não foram para o acervo da OTT. "A própria Fox vende conteúdo ao Netflix, e é ok, mais pessoas vão gostar e mais fãs teremos", avalia. Há pelo menos uma clara influência na maneira de oferecer o produto. Naves explica que a companhia vai estrear uma série com todos os episódios da primeira temporada disponíveis de uma vez só, para permitir as maratonas (binge-watching) – como é de hábito do consumidor do Netflix. "É complementar, e é marketing que eles fazem para a gente."

 

Concorrentes

O diretor de conteúdo e relações de negócios da Looke, Luiz Bannitz Guimarães, destaca que o vídeo on-demand não é commoditie, e que cada plataforma trabalha com o conteúdo de forma diferente, o que justifica a pluralidade. "A própria Amazon se posicionou como serviço complementar aqui, a competição não é no bolso (do consumidor)", declara. Ele acredita que o mercado não permitirá ter serviços dominantes, mas que se sobreponham. A empresa trabalha com conteúdo premium em VOD, além de parcerias com terceiros. "Ao contrário do Netflix, que deixa conteúdo mais premium ainda (com a produção própria), o Looke prioriza o volume. Este ano já negociei mais de 600 horas que vão chegar, e estamos procurando caminho diferente e complementar – e notando que está aumentando a visualização no celular", destaca.

A diretora de marketing da Playkids, Marina Proença, concorda. A empresa, que nasceu como aplicativo móvel da Movile, é o terceiro em faturamento no mercado de OTTs no Brasil, perdendo apenas para Netflix e Spotify, e efetua testes de um programa de TV – inclusive para negociar com a TV aberta. "A gente nasceu muito perto de operadoras, é estratégico, então o marketing da Playkids está mais conectado a operadoras para mostrar valor para cliente final", diz. Além das brasileiras, a produtora de conteúdo infantil também assinou parceria para distribuição de conteúdo com a tele norte-americana Verizon, nos Estados Unidos.

 

Cord-cutting

Pode parecer um clima de paz, mas a trégua talvez seja momentânea. Segundo o COO da EnterPlay, Jorge Salles, há uma oportunidade para as OTTs no grupo de consumidores que só assina a TV paga para ter acesso aos canais abertos. "Se você tiver TV aberta e OTT, podem formar uma boa oferta para um grande segmento econômico da sociedade", estima. Ele afirma que as over-the-tops são, sim, competidores, e que isso já se reflete no País. "Uma das razões de queda na (base de TV) é o Netflix sim, e isso chega a ser 12% das motivação", alega.

O debate aconteceu no evento NexTV Latam, nesta quarta, 19.

Fonte: http://convergecom.com.br/teletime (19/04/2017)

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