Os impactos da revolução digital na produção cultural
Tecnologias alteram forma de produção, distribuição e consumo de conteúdos
— O digital oferece a oportunidade para que cada pessoa explore o seu potencial — analisou Pedro Garcia, cofundador da plataforma Queremos! e criador do personagen Cartiê Bressão, em debate no Wired Festival, evento realizado pelas Edições Globo Condé Nast e O GLOBO, com patrocínio da Petrobras, Embratel, Grupo Pão de Açúcar e Braskem, apoio de Cerveja Sol e apoio institucional da Cidade das Artes. — Mas a importância do digital é o impacto dele no real. É como um órgão novo que surgiu no que a gente chama de sociedade.
A plataforma Queremos! é exemplo disso. Ela permite que grupos de fãs de uma região se reúnam para trazer um artista para a cidade onde vivem, tornando o contato digital em real. Após surgir no Brasil, ela foi aberta nos EUA, com o nome "We Demand". Por lá, ela abriu espaço para que artistas que surgiram no digital, os youtubers, façam contato com os fãs.
E o digital abre espaço para artistas de parcelas da população que antes não eram esquecidas. Exemplo disso é o "Favelagrafia", projeto que trouxe um novo olhar sobre as favelas cariocas. Apenas com iPhones, nove fotógrafos moradores de comunidades retratam o cotidiano que vivem.
— Nós mostramos o olhar do morador, pudemos contar a nossa história — contou Anderson Valentim, um dos fotógrafos envolvidos no projeto.
Graças a esse trabalho, eles puderam mostrar ao Brasil e ao mundo uma realidade desconhecida da maioria da população, que relaciona as favelas com a violência.
O alcance irrestrito é outra característica própria do digital. Nas redes, o conteúdo circula para além das grades de programação das TVs, das páginas de revistas e das ondas do rádio.
— Saiu na CNN, o Snoop Dogg falou sobre a gente. Esse alcance não seria possível sem o digital — comentou Valentim.
Mas com tanto conteúdo circulando, por diversos canais, a curadoria se torna uma barreira. Numa emissora de TV, a grade de programação é montada pensando em entregar o melhor conteúdo para o seu público, e o consumidor tem uma noção do que irá encontrar. Na internet, não, ele é bombardeado com vídeos e imagens vindos de diferentes fontes.
— Agora eu preciso ter responsabilidade no consumo, e isso é um desafio — ponderou Filipe Techera, que trabalhou no programa Esquenta, da Rede Globo. — As pessoas entraram num modelo de supermercado de conteúdo, que elas não estavam acostumadas.
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