Transmídia: presente e futuro

Houston Howard é um líder reconhecido nas comunidades de branding e entretenimento, por sua visão única e estratégica. Co-fundador e diretor criativo da One 3 Productions, já desenvolveu estratégias de marca e arquiteturas de histórias para empresas Mattel, Disney, West Coast Customs, Samuel Goldwyn Films e Harper Collins Publishing, além de desenhar projetos transmidia para Fox, TNT, Slinky e os escritores de Toy Story.

Quando não está criando projetos ou liderando equipes de criativos, Houston está dando aulas a profissionais, em workshops para Television Academy of Arts and Sciences, Producers Guild of America, National Association of Broadcasters, Act One, Storyworld USA, The Greater Los Angeles Writers Conference and the Swedish Chamber of Commerce, entre outros. É também professor de Transmedia Design na The Los Angeles Film School.

Seu livro “Make Your Story Really Stinkin’ Big – Como ir do conceito à franquia e fazer sua história durar por gerações”, tornou-se um manual prático para profissionais da área criativa, sobre como alavancar diversas pltaformas de mídia, maximinizar potencial de receita e engajar audiências de forma inovadora.

Já Steve Mitchell foi indicado ao Emmy de melhor roteiro e produção por Tin Man, minissérie de maior audiência na história do canal Syfy. Co-criador e produtor executivo do hit cult da TV The Pretender, escreveu, produziu e/ou dirigiu mais de 200 horas de programação de entretenimento em parceria com Craig W. Van Sickle, incluindo longas-metragens, filmes para TV como 24, NCIS, Medical Investigation, Alien Nation e Murder She. Também trabalhou com George Lucas em uma temporada de Clone Wars.

Howard e Mitchell estarão em São Paulo (SP) de 22 a 28 de julho, para dois dias de master class e quatro dias de workshop, nos quais ensinarão profissionais do setor audiovisual brasileiro a criarem projetos transmídia de sucesso. O Transmedia Master Class Outline + 4 Day Transmedia Workshop é uma realização do Cultura e Mercado, com apoio da Unibes Cultural, b_arco Centro Cultural e Era Transmídia (clique aqui para ver o programa completo e se inscrever).

Em entrevista, os especialistas falam sobre o que caracteriza um bom projeto transmídia, quais os principais erros, a importância das multiplataformas hoje e o que os brasileiros podem esperar do curso.

Cultura e Mercado – O que caracteriza um bom projeto transmídia?
Houston Howard – Um bom projeto transmídia é aquele que nunca conta a mesma história duas vezes, sendo expandido por múltiplos meios e plataformas de maneira valiosa. Um bom projeto transmídia também é aquele que consegue criar uma experiência para os fãs no sentido de não só alimentar o engajamento, mas também gerar receita.
Steve Mitchell – Também tem uma questão emocional, que ressoa na audiência no sentido de mantê-la sempre voltando para buscar mais, porque isso alimenta uma fome em seu coração.

CeM – Vocês conhecem esse mercado no Brasil? O que podem dizer sobre ele?
HH – Pela minha experiência, o mercado de entretenimento brasileiro tem narrativas incrivelmente fortes, com personagens muito ricos visual e cinematograficamente. Brasileiros definitivamente sabem como contar histórias! No entanto, parece que há uma fragmentação de produção que limita a coordenação entre plataformas, assim como uma severa baixa habilidade em adentrar mercados internacionais. Quando você começa a estabelecer modelos e paradigmas que favoreçam a sinergia, a inovação e o empreendedorismo, e isso está unido a uma grande narrativa, você começa a ver mais projetos brasileiros prontos para uma expansão no mercado internacional.
SM – Eu sei muito pouco sobre o mercado transmídia no Brasil e espero aprender o máximo que puder enquanto estivermos aí. Estou interessado nos projetos brasileiros que possam ser transmitidos ao mercado norte-amercianos e de outros países. A globalização do entretenimento é para onde quero levar minha carreira e espero encontrar muitos projetos e parceiros no Brasil que possam fazer parte disso.

CeM – Quais são os principais erros que produtores de cinema e TV cometem no desenvolvimento de projetos transmídia?
HH – Os erros mais comuns que vejo estão em não definir o universo da sua história durante o desenvolvimento do projeto. Sem isso, os criadores de conteúdo passam por cima de um potencial de narrativa e oportunidades de expandir e estender a propriedade em caminhos incríveis.
SM – A chave é definir o coração do projeto. O ponto emocional que conecta você à sua audiência. Pense nas coisas como O Mágico de Oz. Todos no mundo conhecem esse filme, que foi adaptado de uma série de livros e nos últimos 100 anos foi tranformado em programas de TV, jogos, graphic novels… Por quê? Porque ele diz algo emocional com que cada pessoa no planeta consegue se relacionar, independentemente do seu idioma ou país de origem.

CeMQual a importância de se criar projetos audiovisuais multiplataforma hoje?
HH – A tecnologia multiplataforma está mudando o mundo na velocidade da luz. Hoje os consumidores buscam as histórias e seus universos quando querem, no aparelho que querem. Isso levou investidores, executivos de estúdios e produtores a enxergar uma grande história simplesmente como o primeiro passo de um grande lançamento, cada vez mais deixando para trás esforços individuais que só funcionam em plataformas de mídia tradicionais. Consumidores estão demandando uma nova experiência, o que significa que você é forçado a fazer sua história ser excelente, de maneira a posicioná-la como um investimento mais valioso. Em resumo, se você quer sobreviver, e prosperar ao longo do tempo, em um mercado de entretenimento do século 21, você tem que pensar multiplataforma.
SM – Quando você pensa na quantidade de aparelhos que temos por meio dos quais consumimos entretenimento, é espantoso. O que também está surpreendendo é como um criador de conteúdo no século 21 precisa estar hábil a desenvolver seu produto para cada um desses aparelhos – e na maneira como nos relacionamos com eles. Queremos diferentes tipos de conteúdos através dos nossos telefones, mas também vamos ao cinema e vemos TV. Temos diferentes formas de entretenimento nos nossos computadores e nos nossos XBoxes. Como um criador transmídia você tem que contar sua história de jeitos diferentes para cada meio.

CeM – Qual a diferença entre fazer um projeto e criar uma marca quando estamos falando sobre transmídia? E quão importante é pensar nisso enquanto se está criando?
HH – A principal diferença é simplesmente o escopo da visão. Goste você ou não, quando você cria um projeto, está simultaneamente criando uma marca. A única questão é se a marca é forte ou fraca. Quando você desenvolve um projeto de entretenimento como um empreendedor constrói uma marca, olhando para o seu projeto como um produto, mas dentro de uma marca, você vai construi-lo muito mais robusto e tanto marca quanto projeto vão ser beneficiados.
SM – Eu acho que você precisa olhar para isso como dois itens separados, que são simultaneamente iguais, e tem que abordar seu projeto com esses dois pensamentos em mente enquanto cria.

CeM – O que as pessoas podem esperar do curso de vocês aqui em São Paulo?
HH – Podem esperar aprender como olhar para o entretenimento no seu modo mais completo. Nós vamos mudar a forma como as pessoas pensam, fazendo com que elas saiam de suas zonas de conforto e dando conteúdo valioso, que elas nunca poderiam imaginar em uma masterclass ou um workshop de alguns dias. Vai ser como beber de uma mangueira de incêndio, mas quando saírem, estarão armados com muitas ferramentas a mais para usarem em seus projetos.
SM – Nos últimos 30 anos, tenho sido abençoado em desfrutar uma carreira de muito sucesso na TV, com filmes, novelas e agora transmídia. Nesse curso, você pode esperar não apenas insights teóricos, mas experiências do mundo real, de como fui capaz de trazer para esses projetos o fator emocional, e combinar todos esses diferentes meios de entretenimento em entretenimento transmidiático de sucesso. Você também deve aguardar ficar surpreso!

Fonte: http://www.culturaemercado.com.br (29/06/16)

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